quarta-feira, 23 de julho de 2014

Uma história sem título - Capítulo 2°

  Quarta-feira, algo em torno de 8:30 da noite. O dia que ninguém poderia imaginar que teria uma festa. Gustavo está indo no seu Camaro 71' preto para a casa de Ângela, prima do seu melhor amigo. Música, bebida e mulheres. Paraíso para muitos dos homens, mas não necessariamente para Gustavo. Devido à uma traição imperdoável de uma garota chamada Fernanda, ele foi forçado a romper há algumas semanas o seu relacionamento que estava próximo de completar 2 anos, nisso, o fator "garotas" já não teria mais tanto impacto para ele. A música, quando em exagerada amplitude, o incomodava, por isso que nos ensaios ele usava um fone de ouvido, pois abafava parte do som, deixando-o confortável.
  Chegando na casa, encontra logo na porta Bruno, André, Ângela, Daniel, guitarrista da banda, e Vitória, namorada de Daniel. Ao verem o carro do Gustavo, param o assunto.
  - Olhem quem chegou! - Gritou, interrompendo a conversa, Bruno.
  Descendo do carro, meio tímido, Gustavo ergue a mão, acenando ao pequeno grupo. - Olá, pessoal.
  - Estávamos falando do ensaio de sábado. Vê se não falta.
  - Pode deixar. Oi Ângela, obrigado pelo convite.
  - Não esquenta com isso. Relaxa e curte a festa. Chegou boa parte dos convidados. Divirta-se. Coma e beba à vontade. Mi casa es su casa. Talvez encontre algum conhecido.
  - Obrigado.
  Diferente do exterior, o interior da casa estava com uma iluminação escura de "luz negra", música razoavelmente alta, o bastante para que Gus ainda suporte, muita gente conversando, rindo e dançando. A casa tem um interior relativamente grande. A cozinha americana se parecia mais com um bar. Bebidas à vontade e um barman cuidando de tudo, há muita comida próxima também. Gustavo fez um pequeno prato de salgadinhos, pediu uma bebida e ficou lá no bar mesmo, tentando deixar que a "festa o contamine", ao menos, era o que ele queria. "Deixe o clima da festa te contaminar, Gus" pensou ele de olhos fechados.
  Meia hora se passou e nada. Ele só queria ficar ali, ouvindo a música, comendo, bebendo e pensando nas coisas que tem que fazer no dia seguinte. Até que sentou-se ao seu lado uma garota jovem. Não lhe dava muita atenção, mas também não queria muita atenção de ninguém. Ela queria era ficar ali parada bebendo o seu drink. Gus apenas a olhou, mas achou melhor ficar quieto e abaixou a cabeça com o copo entre as mãos sobre a mesa.
  A moça olhou que Gustavo estava do mesmo jeito que ela e deixou escapar um riso, mas passou desapercebido por ele. Ela fica o olhando. A luz não ajuda muito com os detalhes, mas ela o olha mesmo assim.
  - Dia difícil? - Ela decide quebrar o silêncio depois de poucos minutos.
  - O que? Ah não, só não entrei no clima da festa mesmo. Eu sou daqueles que está no canto vendo todo mundo dançando e rindo.
  - Entendo. Não gosta de dançar?
  - Até gosto. Mas tem dias que eu só quero ficar sentado, tomando um... um... - Ele olha para o seu copo tentando decifrar que drink é este que ele bebe - Um seja lá o que isso for e vendo o povo dançar. Fico aqui na minha, não incomodo ninguém e a noite vai indo assim.
  - Ah sim... Como hoje. - Ela olha para baixo - Desculpa, não me apresentei, meu nome é Rebeca, Rebeca Tayllor. E o seu?
  - Gustavo Bertran. Prazer. Pode me chamar de Gus mesmo.
  - Prazer. Então, Gustavo, quantos anos você tem?
  - Eu tenho 25. E você?
  - Eu fiz 19 semana passada.
  - Olha só! Parabéns!
  - Obrigada. Gus, se importa se continuarmos nossa conversa lá fora? A musica tá muito alta pra mim.
  - Tudo bem - E sorriu para ela, enquanto se levantavam.
  Ao chegar lá fora, ele repara nos cabelos ruivos que jamais havia visto, nisso, a sua boca se entreabriu, seus olhos brilharam e algo que jamais sentira para tamanha beleza lhe veio instantaneamente. Ela se virou para ele, seus olhos castanhos claros o hipnotizaram, deixou-o a mercê do seu feitiço. Teria ele se apaixonado pela garota ruiva de 19 anos? Assim tão rápido? Não é possível.
  Enquanto isso, Rebeca ao olhar para ele viu nos cabelos negros como a noite e olhos azuis escuro uma sensação que jamais sentira. Não só pela beleza, mas algo que emanava daquele homem que ela não sabia explicar, mas que fazia com que ela não conseguisse resistir. Algo que parecia chamar ela e, sem resistir, aceitava. E a boca? Aquela pequena boca parecia um elixir que ela queria usufruir cada dia mais. "No que estou pensando? Eu acabei de conhecê-lo, não posso estar tão louca por ele assim. Não posso ter me apaixonado por um cara que acabei de conhecer. Não é possível". Talvez seja.
  Ambos ficaram quietos por um instante, como se tentassem cada um se acostumar ao que acabara de sentir. Risos e trejeitos aleatórios ao invés de palavras. Gustavo tomou calma o bastante para romper com o silêncio.
  - Então... Rebeca, o que você faz?
  - Faço medicina na UFU. Assim, vou começar agora. Esse é o meu primeiro ano na faculdade. Nem sei o que esperar. E você, Gustavo, o que faz?
  - Eu sou jornalista. Me formei com 22 anos em jornalismo na UnB, um ano depois recebi uma proposta irrecusável para vir a Uberlândia. Adorei a cidade, fiz alguns amigos aqui.
  - Você é de Brasília?
  - Não. Sou de São Paulo. Mas fui pra capital aos 17 para fazer faculdade. Você é daqui mesmo ou, como eu, uma "semi-nômade"? - Ela riu da graça dele.
  - Mais ou menos. Sou de Belo Horizonte. Estou na casa da minha prima. É graças a ela que estou aqui. É amiga de uma menina chamada Ângela e, para comemorar a minha chegada, me trouxe a essa festa.
  - Seja bem-vinda. Qualquer coisa que precisar, pode me ligar.
  - Pode deixar. Vou ligar mesmo - E riram mais um pouco.
  Ao fundo, uma garota vem a passos lentos chamando pela Rebeca.
  - Rê, você está aqui. Eu estou indo embora. Vai junto?
  - Desculpa Gustavo. Essa aqui é a minha prima, Juliana. - Ela estende o braço à prima. - Ju, esse é Gustavo. Tava conversando com ele. - Ela chega perto do ouvido de sua prima e sussurra para ela - Temos que ir mesmo?
  Antes que pudesse responder, Gustavo se adiantou. - É bom irmos mesmo. Já está ficando tarde e eu tenho que trabalhar amanhã. Foi bom te conhecer Rebeca. Juliana....
  Espere! - Disse rebeca puxando, da bolsa da prima, um caderninho e uma caneta. - Me manda uma mensagem ou me liga. - Ela entregou um pedaço de papel rabiscado com números que devem ser do telefone dela.
  - Pode deixar. Até mais e bem-vinda a cidade.
  - Obrigada!
  E cada um seguiu a sua direção.

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